Parabola da Amante

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René Magritte — The Lovers (Os Amantes)

Renato não aguentava mais. Era cobrado pela esposa, pelos filhos, pela sogra, sogro e cunhados. Renato, na verdade, nunca ouviu nada do que todos estavam de propondo. Mas, estavam preocupados com ele.

Os filhos queriam que ele sorrisse mais, a esposa que ele conversasse mais. O sogro, na sua experiência sabia que Renato precisa escutar. A sogra só queria que Renato conseguisse parar e dialogar. Até os cunhados queriam ajudar, chamavam Renato para conhecer coisas novas, fazer coisas novas.

Renato, não aguentava mais.

Um dia, Renato arrumou uma Amante. Não pensou duas vezes, colocou ela para dentro da sua casa, mandou embora a mulher, os filhos, e bloqueou o cunhado — chato, ficava sempre dizendo que ele precisava escutar mais, dar oportunidades aos filhos, colaborar com a esposa.

A Amante era a melhor, elogiava Renato, dizia pra todo mundo que Renato era o tal — forte, viril, vigoroso, inteligente, o melhor.

Certo dia Renato chegou em casa, a Amante não estava. Ele ligou, ela não atendeu. Nas redes sociais não respondia. Renato via suas fotos, em lugares lindos, de muito sol, gente bonita e, com outro Renato.

Então, Renato descobriu — mesmo sem assumir — que quando as coisas vão mal, antes de tudo, precisamos olhar para dentro. Compreender nossos erros, reconhecer quem está do nosso lado. Dialogar, escutar, ouvir de verdade.

Agora, imagine se sua empresa fosse o Renato e a Amante um Consultor, Coaching de carreira ou qualquer outro que trouxesse soluções milagrosas para sua falta de empatia?

Essa estória foi escrita com o protagonismo masculino propositalmente, afinal, grande parte da desumanização do mercado de trabalho vem do machismo incondicional que dita nos relações sociais.

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